segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

«É gato, pode ser nuvem»

Flor (que por acaso não aparece desde manhã)
    (Vê se apareces que as tias já andam todas chorosas e aos ais)

«É gato, pode ser nuvem.

Certo é que os gatos examinam com desteorias felinas os milagres da luz e da sombra, talvez possuam mediadores de lusco-fusco na ponta dos bigodes, com razão nos espantamos quando um gato sai de um lugar e vai para o outro dissipando o lugar-antes, inaugurando o lugar-depois.
Os gatos: melhor só observarmos o que fazem-não-fazem e isto é mais do que uma aula, é mais do que simpósio, é mais do que vasto repertório curricular de toda-uma-vida.
Hoje havia um gato em posição de-antes, a caminho de outra posição de-depois, numa ruela de Belo-Horizonte. Guardei comigo a desfotogrfia deste instante. gravei no despapel a aquarela do ato-movimento que ele faz- muito igualzinho ao movimento de uma nuvem, pois nuvens costumam igualmente ser arremedos de gatos.
Fazer um poema: isto seria uma violência com o gato.
Fazer um conto: uma desfaçatez com o gato.
Observá-lo somente: puro júbilo»

Texto retirado (com autorização do autor) do Blog Cidades Escritas, do jornalista e escritor brasileiro Paulinho Assunção

3 comentários:

Luisa disse...

A Flor, já apareceu?

Luisa

Zoe disse...

apareceu na 2ª à noite! aliás, já terça-feira, porque era meia-noite e meia quando os meus vizinhos do r/chão me tocaram à porta,a dizer que ela já estava na nossa praceta!
n sei o que lhe deu, porque ela toma a pílula, o que lhes retira os calores do cio!
obrigada pelos cuidados!
beijinho
zoe

Zoe disse...

luísa,esqueci-me de lhe dizer que a nossa preocupação principal é que a flor se refugia nos motores dos carros, quando está frio ou a chover, aliás prática comum nos animais que vivem na rua...
daí que andemos sempre com o credo na boca...
beijinho
zoe