domingo, 31 de janeiro de 2010

Quem é que disse que os portugueses eram pessimistas??

Pessimistas podem ser, mas têm um talento especial e subtil para animar os outros, o que retirará a este pessimismo um certo absolutismo de verdade incontestável. De vez em quando emergem estudos feitos por especialistas, ___não se sabe de que área científica, nem com que amostragem, nem com que metodologia, mas também, não isso interessa nada__ que chegam à conclusão que os portugueses são pessimistas, soturnos e consomem embalagens massivas de antidepressivos. Discordo em absoluto das conclusões destes peritos. Se há povo que sabe como levantar o ânimo e o moral do próximo, esse povo é o português.
Ora, se há coisa que desperte a curiosidade é um braço envolto em ligaduras e ao peito.

__ O que é lhe aconteceu?
__ Queimei-me com água a ferver.
__ Se fosse óleo de fritar era muito pior!


__ O que lhe aconteceu?
__ Queimei-me com água a ferver.
__ Se tivesse partido, era muito pior!

__ Então, o que foi isso? 
__ Queimei-me com água a ferver.
__ Foi muita?
__ Um púcaro, para fazer uma caneca de chá.
__ Se fosse uma panela de água a ferver era pior!

E, a alma lusa fica reconfortada.
As salas de espera das urgências hospitalares são também um microcosmos de traços do nosso comportamento colectivo onde brota ao de cima o que temos de melhor, entre outras, a tal capacidade animar o próximo. Sentimentos de culpa são imediatamente dissolvidos em histórias semelhantes, para que o outro não se sinta só no mundo, carregando o pesado fardo. À mãe que sem querer deixou caír o aparelho de inalações em cima do pé do seu bebé, imediatamente se vai buscar a história da mulher do tio do primo do cunhado do sogro do vizinho de baixo, a quem aconteceu a mesmíssima coisa, ou à irmã que entalou a cabeça do dedo do irmão ao fechar o sofá, acidentes domésticos em que ninguém tem a culpa, mas todos se sentem culpados. Aliás, aquela sala de espera parecia o Vale da Culpa. À rapariga __cujo marido lhe tinha pedido para o ir levar ao trabalho e ela não foi e pouco depois teve um acidente de mota, e se sentia culpada por não acedido ao pedido__, perguntavam-lhe se ele não andava todos os dias de mota. Ainda o mesmo malogrado rapaz foi arrastado pela mota, tinha queimado as palmas das mãos, as pernas, tinha ossos à vista, mas acrescentou a mulher:__ Não tem nada partido, e logo um pequeno coro: Graças a Deus! Ora, digam lá se há no mumdo alguém capaz de animar alguém desta maneira?
Queria ainda falar de horários e atendimentos de serviços públicos de saúde. Os Centros de Saúde possuem um Atendimento Complementar, para tratar de casos que não necessitem de intervenção hospitalar e até para descongestionar o tempo de espera nas urgências.Foi ao final da manhã de sábado que me queimei com água a ferver, e como fiz logo bolhas, me estava a doer, e cada vizinha dava a sua sentença, decidi ir ao Atendimento Complementar do Centro de Saúde da minha área. Surpresa. O Centro fecha às duas. Bonito. Aliás, parecia uma cena de filme, portões fechados, barras de madeira nas portas, como se o cosmos inteiro me estivesse a fechar os portões.Não tive outro outro remédio senão ir às urgências hospitalares, esperar horas por uma coisa que poderia ter sido feita no Centro de Saúde, se ele estivesse aberto...Quanto ao atendimento em si, já dentro do gabinete médico, foi muito eficaz, rápido e muito profissional.
Naquelas andanças acabei por perder um anel de prata com uma pequena pedra, mas no meio daquele sofrimento, o anel acabou por perder importância e não me sentia com vontade de andar à procura do anel no meio  do pé queimado do bebé e a culpa da mãe, das pernas queimadas do rapaz de mota e a culpa da mulher e da própria dor da minha pele queimada. O que eu queria mesmo, era sair dali, o mais rapidamente possível. Foi o que fiz.       

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Anne Frank Video July 21, 1941

Com os Holandeses*

Introdução

Estava eu a rabiscar as linhas que se vão seguir, debaixo de um chapéu-de-sol, a proteger-me do calor tórrido de um sábado à tarde de Julho, na Costa da Caparica, eis quando senão levanto a vista do caderno e avisto uma coisa com dois braços e duas pernas a caminhar na minha direcção, em grandes passadas, apesar da areia que fervia. Tinha uma gigantesca cruz suástica tatuada no peito, que lhe ocupava, sem exagerar, dois terços do mesmo. Como é que o gajo adivinhou o que eu estou a escrever, pensei, isto devem ser poderes dos anjos caídos que fazem pactos com o demo. Mas, a coisa ao chegar perto do meu chapéu, guinou para a direita e continuou caminho. Uff! Salvei-me por pouco, pensei. O rascunho ficou esquecido entre as páginas de um caderno. Pouco tempo depois haveria de ficar sem o meu PC por mais de um mês e meio e, envolvida em trabalho e cefaleias, acabei por o esquecer, assim como o veraneante tatuado da Caparica. Nas minhas limpezas de fim-de-ano, quis o destino que eu folheasse o caderno onde o rascunho descansava desde o Verão e o encontrasse. O tema é intemporal e por isso posso publicá-lo hoje.


«Já recebi e já li Com os Holandeses que José Rentes de Carvalho tão gentilmente me enviou de Amesterdão. Se eu tivesse lido este livro antes das eleições europeias, não teria ficado surpreendida com os resultados eleitorais da extrema-direita nos Países Baixos, pois as crónicas escritas por Rentes de Carvalho em 1971 denunciavam já tiques racistas na sociedade holandesa. Enfim, nada que eu não soubesse, embora não o quisesse saber, preferindo refugiar-me na idealização de uma sociedade quase-perfeita, guardando intacta a ideia da Holanda como o país mais tolerante do mundo, como eu achava, dizia e repetia. É que, para uma pessoa se manter à superfície tem de manter uma ideia romântica aqui, um desejo ali, um sonho acolá. A vida não pode ser só consumida pelo quotidiano, a torneira que pinga, a lâmpada da cozinha que se fundiu, a trituradora da varinha mágica que se soltou, a roda do carrinho de compras que se partiu, a cadela que está com os intestinos desarranjados, a gata que vomita, o gato velhote que urina fora do recipiente e transforma a casa-de-banho em pequenos lagos suíços. Não pode ser. Tem de haver alguma coisa que transcenda o dia-a-dia e lhe dê alguma magia. A vida não pode ser só um corre-corre, o supermercado, estender roupa, tirar roupa, dobrar roupa. Deitar e levantar a limpar excrementos de animais. Não, não pode ser. Temos de encontrar ideias românticas que nos ajudem a manter a cabeça de fora. O interesse pela Holanda vem de longe. Não sei de onde. Já antes de lá ter ido e de ter amigos holandeses eu sentia por este país um desejo de o visitar, de ir. A Amesterdão. Quando lá estive foi aquela sensação do já lá ter estado. Quando? Não sei. Já lá teria estado o sangue que me corre nas veias, o ADN que me estrutura? Não sei quem sou, de onde venho __e isto não é um lugar comum, não sei mesmo. Mas, quero saber. Comecei a fazer pesquisas da minha árvore genealógica, que estão agora interrompidas, porque a minha bisavó materna aparece como Ana Emília no registo paroquial e Ana Joaquina no registo do cartório e para poder avançar árvore acima tenho primeiro de desvendar este mistério. Quem sabe se antepassados meus (após a perseguição iniciada aos judeus no reinado de D. Manuel I, em 1496 e consolidada com a entrada em funcionamento do Tribunal da Inquisição em 1540) não se teriam instalado nas margens do Amstel? Embora me pareça pouco provável que posteriormente os descendentes destes antepassados tenham voltado a Portugal e se tenham instalado no Norte, amanhando terras. Mas, com quatro séculos no meio, muita coisa se poderá ter passado. O que é irrefutável é que foi neste país que muitos judeus portugueses perseguidos se refugiaram e fixaram, tendo adquirido a colónia em 1615 plenos poderes, segundo Cecil Roth no seu A História dos Marranos, tendo o maior período de prosperidade holandesa coincidindo com o período de migração e actividade dos judeus fugidos da Península Ibérica. Acrescenta ainda Roth, que nas margens do Amstel, na Jodenbreestraat, parecia que se tinham erguido uma Lisboa ou uma Madrid em miniatura, sendo o português e o espanhol as línguas oficiais das comunidades, sendo ouvidas por toda a parte nas ruas. E, os apelidos portugueses ficaram. Na Central Database of Soah Victim´s Names é impressionante os Silva, Gomes, Mendes, Nunes, Pinheiro, Vaz, Oliveira que podemos encontrara. Como Graham Green diria, no Terceiro Homem:"… Martins, o sólido apelido holandês..."
Não é por acaso que este post foi publicado hoje, dia 27 de Janeiro, mas por ser o Dia em Memória das Vítimas do Holocausto, e penso com muita carinho nos antepassados de Claude Racadot __que se fosse vivo faria hoje anos__, cuja família, da parte da mãe, teria desaparecido nos campos de concentração.
E, dedico-o também à memória de Miep Gies, a mulher que ajudou a família Frank a esconder-se dos nazis, que foi a guardiã do diário de Anne e que morreu recentemente, no passado dia 11 de Janeiro, com cem anos. E, à memória de Aristides de Sousa Mendes e a todos, todos os que têm uma árvore plantada no Jardim dos Justos.

* título de um livro de José Rentes de Carvalho

sábado, 23 de janeiro de 2010

Maneki Neko





Já está emoldurado e na parede o Maneki Neko que a Rita me trouxe do Japão. Considerado o gato da sorte ___que a chama com a sua pata___, deve ser colocado à entrada da casa. Já está.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Médicos de família e pacientes de vison

A minha médica de família é uma cinquentona de formas voluptuosas e bem implantadas, despachada, bem-disposta, às vezes um furação, que leva tudo pela frente... Usa cabelo curto preto e madeixas vermelhas. Mas, as últimas que fez são bastante particulares pois não acompanham o comprimento do cabelo, só vão até meio, ou então é o corte, que faz com que o cabelo pareça cheio de quadrados vermelhos. Estão bem divertidas. Ora, contou-me ela que uma paciente comentava com outra, na sala de espera, se aquilo eram propósitos de uma médica andar, ao que a outra lhe respondeu que cada um andava como muito bem lhe apetecia, e que chegando a sua vez, no gabinete, contou à médica a crítica da outra; quando chegou a minha vez, a médica contou-me a mim, __pois a nossa relação médica-paciente de doze anos virou amizade__, acrescentando que a que criticou usava um casaco de peles de vison. Caramba, que pena não estar lá nessa altura, senão quem a esfolava viva era eu! Será que essa gentinha não sabe quantos animais esfolados vivos são precisos para fazer um casaco ou acha como a burgessa da fátima lopes, que é natural??
Esta gente realmente, sabe criticar as madeixas vermelhas da médica, como se a competência estivesse na cor dos cabelos ou das unhas, mas não sabe olhar para o que traz vestido!


Foto da Net

P.S. Esta foto pertence a uma série tirada numa impressionante manifestação, a 6 de Dezembro de 2009, dia Internacional do Direitos dos Animais, em Madrid, onde cerca de 100 manifestantes levaram, nas suas mãos cadáveres de animais.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As não-Férias nas Caraíbas

Cada vez que penso nisso, mais me convenço que deveríamos confiar cada vez mais na nossa intuição, estar mais atentos aos sinais, ao não me apetece, não sei porquê. Se tudo tivesse corrido como o planeado, estaria agora a fazer as malas para umas férias nas Caraíbas. Tanks God, não estou. A possibilidade de começar a pensar em férias surgiu apenas em finais de Novembro, cheia de dores nos olhos e cefaleias, estava a precisar daquelas férias em que só se está bem dentro de sopa de água quente, sem fazer ou pensar em absolutamente nada. Só azul do céu e azul da água. E, nada mais. Desafiei a Ana, que adiantou que para Janeiro alinhava. Ora começámos a pensar nisso e sobretudo no sítio, a tal sopa de água quente, que, nesta altura do ano, só seria possível no Brasil, mas desde que acabaram com os low-cost para lá, as viagens estão caras; Cabo-Verde a Ana já conhece, só nos restavam as Caraíbas. Apesar de a República Dominicana estar posta de lado desde o ínicio e por ambas, as nossas vistas começaram a apontar para Cuba, e apontámos para agora, por estas águas, a última semana de Janeiro. Só que, logo após ter desafiado a Ana a irmos para a sopa quente, comecei a sentir uma falta de vontade de ir, depois meteu-se o Natal e o Ano Novo e as festividades obrigatórias, e as Caraíbas cada vez mais longe na minha cabeça e na minha vontade, mas como fui eu a desafiar, não queria ser como aquelas pessoas que se cortam sempre no último momento, desistem, está frio, está a chover, então lá me mantive, mas sem ânimo. Quando a Ana me disse que tinha lido numa revista que o destino Tal era um dos escolhidos para esta altura, exultei. Procuramos agora uma boa promoção para o Outro Destino, as Caraíbas ficaram para trás, senão, que férias seriam estas com o cheiro dos mortos e do sofrimento no ar? Não conseguiríamos estar de papo para o ar, a enfrascarmo-nos de caipirinhas como se nada estivesse a acontecer ali ao lado. Não temos feitio para isso. O mais provável seria acabarmos enfiadas na mochila do Fernando Nobre. O sofrimento dos outros toca-nos e deixa-nos sem palavras. Qualquer celebração, fosse de férias ou não, parecer-nos-ia uma afronta à dor dos vivos e à memória dos mortos. Tanks God não estamos a fazer as malas para as Caraíbas.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Animais no Haiti

Será legítimo as pessoas preocuparem-se também com a situação dos animais no Haiti? Penso que sim. Só os espíritos do tamanho de uma ervilha é que não conseguem ocupar-se de várias preocupações ao mesmo tempo. A assistência às pessoas não impede a assistência aos animais, sendo que normalmente quem critica não faz nada, nem pelas pessoas, nem pelos animais.
Para além das pessoas, também os animais precisam de ajuda no Haiti.
A Humane Society International está a realizar esforços no sentido de prestar assistência aos animais vítimas da tragédia, como cuidados médicos, alimentação e abrigo. Podem seguir aqui e enviar donativos

https://secure.humanesociety.org/site/Donation2?idb=0&df_id=1713&1713.donation=form1&autologin=true


Foto da Net
Resolvi ilustrar est post, com esta imagem, de um bombeiro a dar água a um koala, nos últimos incêndios australianos, lembram-se?

Obras no Canil/Gatil Municipal de Lisboa

Foi o projecto mais votado do Orçamento Particapativo da CML. Ainda não está no site, mas ouvi António Costa, na telefonia, à hora do almoço. Ganharam os nossos quatro patas!

Quando queremos, podemos. E, não somos só meia-dúzia de gatos pingados como os pró-tauromaquia tanto gostam de proclamar.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Domingo III: O descanso dos guerreiros

Depois de uma semana de intenso trabalho

No patamar das minhas escadas







Domingo II- Gato à janela


                                                                                                      Lisboa, Av. de Berna

Um gato, em casa sozinho, sobe
à janela para que, da rua, o
vejam.
O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel,
parece um objecto.
Fica assim para que o
invejem — indiferente
mesmo que o chamem.
Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.

Nuno Júdice, Zoologia: O Gato

Domingo I- Sapatinhos de orvalho


                                                               Flor
«A manhã dá aos gatos
sapatinhos
de orvalho»


Hans Jurgen Heise, Bensafrim

sábado, 16 de janeiro de 2010

Pergunto ao vento que passa

Pergunto ao vento que passa
notícias daquela perdiz
que eu andava a caçar
e o vento nada me diz. (ouvido no Portugalex, Antena 1)



Será que eu vou ter que votar num caçador para PR??????????

Como diz amiúde a minha vizinha do r/chão: "Oh Deus me ajude!"

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Marcela Ortiz (Poètica Saudade Fado Belèm) - Esquina de um tempo

Este video foi-me enviado pela fadista mexicana Marcela Ortiz, cujo projecto Fado For Foreigners já aqui falei. A Marcela mandou-me este fado, de Kátia Guerreiro que consta do seu último albúm, no último dia do ano e por uma razão ou outra foi ficando por divulgar. Hoje, porém, lembrei-me intensamente dele, pois é assim que acordei e me sinto "parada na esquina do tempo..."
A única coisa que fiz de bom foi ter votado nas obras do Canil/Gatil no Orçamento Participativo da CML e as cefaleias voltaram.
Talvez tenha sido a Providência que aqui há uns tempos atrás, ao sacudir uma manta, me lançou borda fora o comando da única televisão a funcionar. A proximidade do Natal foi uma boa desculpa para ir adiando a compra de um tal comando universal. Até hoje. A verdade é que já antes da queda, andava a ligar pouco à tv, as dores na vista, as cefaleias, e os programas pouco atractivos (só tenho os 4 canais) mantinham-me afastada dela. Depois dos Gato a esmiuçar os sufrágios praticamente só a ligava para as notícias. Estou portanto sem tv e ainda sem saudades, mas a par de tudo o que se passa no mundo. Tenho telefonias, internet, jornais e revistas e isso basta-me para saber o que sepassa no Haiti. Não preciso, nem quero ver imagens de sofrimento em directo, como se fosse um espectáculo. Mesmo com comando não ligaria a tv.
Também já não suporto ouvir queixas sobre a chuva que não pára. Que fado choradinho, tão diferente do Esquina de um Tempo! Queixam-se da chuva, mas têm um tecto onde se abrigar, ando deprimidos, mas têm dinheiro para xanax´s.
E, vou-me deitar. Fiquei gelada, muito tempo parada à esquina do tempo, à esquina da vida.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Por Haiti

A ajuda humanitária começou a chegar ao Haiti e com ela muitas ONGs e não só que solicitam apoio financeiro. AMI, Cruz Vermelha, Caritas.
Hoje recebi dois nibs que passo a divulgar:

«Cáritas Ajuda Haiti NIB 003506970063000753053»

«A UNICEF Portugal lançou um apelo de recolha de fundos para a ajuda humanitária para as crianças e suas famílias afectadas pelo sismo no Haiti.
Os donativos podem ser efectuados:
Em www.unicef.pt
Nas Caixas Multibanco:
Menu “Transferências”, Seleccionar “Ser Solidário”, Optar por “UNICEF”
(Para obter o comprovativo do donativo, válido para efeitos fiscais, seleccionar a opção “Factura” e introduzir o Número de Contribuinte).
Por Cheque endereçado ao
Comité Português para a UNICEF
Av. António Augusto de Aguiar, 56 – 3º Esq.
1069-115 Lisboa
Por depósito ou transferência bancária para a
Conta na Caixa Geral de Depósitos: NIB 0035 0097 000 1996 1303 1»

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Por Haiti


Cada vez que a terra treme em alguma parte do mundo, fico a pensar que  aqui, este solo onde me encontro já tremeu e já foi parcialmente destruído e que, um dia, poderá vir a suceder o mesmo. Por isso, quando há uma tragédia como em Haiti, fico a pensar, poderíamos ter sido nós, ali soterrados. Por Haiti, qualquer coisa, um pensamento, uma oração, um donativo. Qualquer coisa.

Eric Rohmer


Eric Rohmer era um dos meus cineastas preferidos e As noites da Lua cheia o meu filme preferido.


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Homosexuality in Animals

É só para quem defende que a união entre pessoas do mesmo sexo é contra-natura...Mas, os outros também podem ver...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Casamentos e adopções/ Continuação

É curioso ouvir um daqueles chamados foruns de ouvintes e ouvir os argumentos contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. As ideias são muito primariozinhas e facilmente desmontáveis: the number one é que é contra-natura. É um tipo de argumento oriundo normalmente de um determinado grupo que se está positivamente lixando para a natureza: não são capazes de reciclar uma garrafa de plástico, utilizam o carro para fazer 300 m, adoram motas de água, acimentam o quintal e o jardim, e o plástico e as pilhas são os maiores amigos deles, no entanto, quando lhes serve vão à natureza buscar argumentos. Contra-natura, essa é boa, demonstra que nunca viram o National Geographic, ou nunca foram à janela... Estão estimadas mais de 400 espécies no mundo animal com comportamentos homosexuais! Um dia destes quando gentilmente explicava a uma pessoa estes comportamentos entre animais, ela respondeu-me: Ah, Mas isso são irracionais! Então os irracionais podem ser homossexuais e os racionais não? Mas, então, afinal em que ficamos? Contra-natura não devem ser, porque a natura farta-se de brincar...
[Já agora eu já n suporto a definição aristotélica do homem é um animal racional, aliás os conceitos de essência e existência aristotélicos estão totalmente fora de moda. Na próxima vez que alguém me falar de racionais para um lado, irracionais para o outro, não respondo por mim...]
Voltando à vaca fria, outro argumento absolutamente hilarieante contra o casamento gay é que essas pessoas estão preocupadas com a extinção da raça tuga!!!!!!! é que sendo a base da familia a procriação, se a familia não puder procriar acaba-se uma nação, um povo! Então, seria de lhes perguntar que andaram a fazer os heterosexuais, pois em 2008 o numero de óbitos foi superior ao número de nascimentos. Mesmo não podendo adoptar, estas alminhas nunca ouviram falar de inseminação artificial, barrigas de aluguer, bebés-proveta, procriação medicamente assistida, adopção em nome individual? Fosse eu lésbica, milionária e com uma mansão em Malibu, faria exactamente o que fez Jodie Foster, que recorreu à inseminação artificial para os seus dois filhos, esteve mesmo muito preocupada com leis e barreiras legais de impedimento à adopções por casais homosexuais!! Ou, se fosse homem faria como Ricky Martin: teve dois filhos gémeos recorrendo a barriga de aluguer, o que alás muitos casais hetero fazem. Portanto, o que está aqui em causa, não é o conceito de família, mas sim um novo conceito de família. E, disso as pessoas têm medo, muito medo.
E, para acabar só queria dizer mais uma coisa. Estão os ditos cujos acima citados já andam muito preocupados com o equilíbrio emocional das crianças, com a discrimação que vão sofrer nas escolas e escolinhas com dois pais e duas mães. Se estivessem realmente preocupados não prefeririam que elas vivessem em orfanatos, ao invés de serem adoptadas por homosexuais. Pois é, que pena que essas santas criaturinhas nunca se tivessem preocupado, com milhares de mães solteiras, enganadas e largadas grávidas, e de crianças que foram criadas por uma mãe e uma tia, uma mãe e duas tias, uma empregada e uma patroa que em geral se tornava madrinha, quem não conhece casos destes, do tempo em que os homens podiam fugir à vontade e nada lhes acontecia, no tempo dos filhos de pai incógnito. Onde estavam essas santas alminhas que não se preocuparam com essas crianças criadas por gineceus inteiros? 

domingo, 10 de janeiro de 2010

Orçamento Participativo da CML/ Obras no Cani/Gatil Municipal

Recebi, com pedido de divulgação:

«COMO SE METEREM AS FESTAS, ACHEI MELHOR LEMBRAR PARA COMEÇARMOS O ANO A FAZER ALGO PELOS QUE NÃO TÊM VOZ PARA PEDIR! OS ANIMAIS DESPREZADOS E ABANDONADOS QUE SE ENCONTRAM EM CONDIÇÕES TERRÍVEIS NO CANIL/GATIL DE LISBOA. VOTEM PARA LHES DAREM OUTRAS CONDIÇÕES COM AS NOVAS OBRAS! OBRIGADA!


Como é do conhecimento público, a CML anulou a 1ª votação, que estava a decorrer entre 14 e 20 de Dezembro, dos projectos resultantes das propostas de munícipes, entre os quais se incluia o das obras no Canil/gatil Municipal.

Não sabemos o número de votos que este projecto chegou a obter mas pelas visitas ao site da Campanha de Esterilização de Animais Abandonados ( http://campanhaesterilizacaoanimal.wordpress.com/ ) que atingiram entre 14 e 17 de Dezembro um milhar, podemos prever que fossem largas centenas.

Os projectos foram agora novamente postos à votação até dia 15 de Janeiro e a votação no projecto de obras no Canil/gatil não pode ser inferior à que já tinha registado anteriormente!

O procedimento para a votação é o mesmo, ou seja:

1º - entrar em http://www.cm-lisboa.pt/index.php?idc=525

2º - seleccionar o projecto das obras no Canil/ gatil, inserindo em "palavra-chave" Canil/gatil e clicar em "pesquizar"

3º - uma vez no projecto clicar em votar. Se já estiver inscrito basta inserir o e-mail e a password anterior para votar. Se não estiver inscrito terá de o fazer e receberá uma resposta imediata no seu e-mail a dizer-lhe como proceder. Depois de ter votado recebe um email a confirmar o voto no projecto das obras no Canil/gatil.



Divulgue esta nova votação às suas mailings e aos seus amigos, ponha a informação nos sites que visita , faça, pelo menos, a mesma divulgação que fez para a 1ª votação.

Os nossos votos têm de ser mais numerosos do que da primeira vez, para que a CML saiba que os animais abandonados da cidade de Lisboa não estão sozinhos !

--

Campanha de Esterilização de Animais Abandonados

http://campanhaesterilizacaoanimal.wordpress.com/»


sábado, 9 de janeiro de 2010

Save Miguel (legendas PT)

Porque este blog também gosta de árvores, vejam este filme com Rob Scheidner que abaçou esta causa.
Agradeço à Marta que o colocou no faceBook e nos possibilitou de o conhecer

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Casamentos e adopções

Et voilà! Foi aprovado, enfim, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Para mim, a questão nuclear nunca foi o casamento em si, mas sim o direito de opção igual para todos, pois a sociedade não podia continuar a fazer de conta que essa sexualidade alternativa não existia e a ignorar os seus direitos civis.  Agora parece que a coisa é anticonstitucional.
Relativamente à questão da adopção considero uma tremenda de uma hipocrisia a maneira como é tratada e abordada. Dois homosexuais/lésbicas solteiros(as) podem candidatar-se à adopção, pois a Segurança Social portuguesa prevê essa possibilidade, mas sendo casados não o podem fazer. Ser heterosexual, não é, à partida, argumento de confiança para se ser bom pai ou boa mãe, e para isso basta só nos lembrarmos de todas as crianças maltratadas deste país, algumas com desfecho trágico como devem estar lembrados. Parir é dor e criar é amor, diz o povo. Às vezes andam sempre a citá-lo, quando é sábio, ignoram-no.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Que frio!!!!!


National Geographic: Melhores Fotos 2009

Eu e temperaturas baixas não combinamos: nem eu me dou bem com elas, nem elas se dão bem com o meu temperamento latino. É escusado dizerem-me que na Polónia estão -25º, na Alemanha -20º e na Escócia -15º. Conheço essas temperaturas, vivi em Paris. Mas, não é por isso que elas e eu nos damos bem. Começa logo pela roupa, um tempão leva uma pessoa a vestir-se. É que collãs e eu também não nos entendemos, ficam-me sempre todos torcidos e retorcidos nas pernas, optando na maioria das vezes pelas meias curtinhas pelo joelho, para não me enervar muito ou se tenho pressa; depois são as calças do ano passado que já não me servem; camisola interior, camisola de gola alta a fazer-me comichão no pescoço, tiro, visto outra. Que saudades de vestir um vestido leve  num minuto! Se fico em casa, __fria, aliás muito fria, como é__, ponho tantas camadas de roupa, sinto-me tão enchouriçada que mal me consigo mexer. Lá fora, no dia-a-dia a situação não melhora, porque podemos passar de uma sala de temperatura tropical para um corredor de temperatura siberiana. Portanto, é melhor andar sempre com uma coisinha pelas costas. Bom, e estou a falar de frio seco, pois quando chove, Lisboa torna-se aquele caos que toda a gente sabe.
E, a propósito de frio queria enviar um grande bem-haja à Protecção Civil, que nos seus alertas nos trata como se fôssemos atrasados mentais e nos manda vestir várias camadas de roupa. Tanks God que eles existem, senão ia ao café de t-shirt de alças.
Agora falando sério, para quem vive na rua __e estou a falar de pessoas e animais__, o tempo frio é mais insuportável. E este pensamento torna as nossas noites obrigatoriamente mais frias, longas e intoleráveis.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dia dos Reis



Gosto de estrelas e de pessoas que seguem uma estrela. A este propósito lembrei-me de Alexandra David-Néel, orientalista e viajante francesa, que desta frase teria feito o lema da sua vida." Choisissez une étoile et ne la quittez pas des yeux, elle vous fera allez loin, sans peine, ni fatigue" que na minha tradução livre deu: "Escolham uma estrela e não a larguem de vista. Ela vos levará longe, sem penas nem cansaço." Foi o que ela fez a partir dos seus 40 anos de idade. Viajou pela India, pelo Tibete, pelos Himalaias, pela China, pelo Japão.





segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A borrega Choné

Eu frequento veterinários como outros frequentam cafés. Hoje, num dos consultórios veterinários que vou amiúde, uma das médicas recebeu-me com uma borrega ao colo. Fora rejeitada pela mãe, uma ovelha só com uma teta que pariu duas borregas. [Não, juro que não ando sob efeito de substâncias alucinogéneas...] Ora, a veterinária adoptou a borreguita nascida a 24 de Dezembro, que agora vive em casa dela e que quando já não puder viver mais em apartamento irá para uma quinta que possuem, e o marido dela já está proibido de a mandar para o tacho...Ei-la, uma delícia, quando lhe pegamos ao colo, encosta a cabeça ao nosso braço...Reparem nas patorras que ela tem com 11 dias de vida. E, isto é notícia porque não é todos os dias que uma urbanodepressiva anda com uma borrega ao colo, mas não só. Quando estávamos a tirar-lhe fotografias, entrou um jovem dos seus vinte anos que pergunta: Não é um cão, pois não? Ora, esta questão cristaliza bem quanto andamos afastados da nossa natureza, ou demonstra que o rapaz nunca visitou a Quinta Pedagógica...





domingo, 3 de janeiro de 2010

Pelo sonho é que continuamos a ir



Mesmo que a noite seja de lua cheia, se o lobisomem aparecer não nos meterá medo, brindaremos com ele, tomaremos banho na mesma espuma de champagne e chamar-lhe-emos irmão-lobo e irmão-homem; mesmo que estejamos com os pés enfiados na lama, haverá sempre um fogo- de- artíficio na nossa cabeça despencando estrelas e luzes; mesmo que de vez em quando haja um aguaceiro que nos embeba a alma, haverá sempre alguém que nos ajudará a abrir o chapéu-de-chuva; mesmo que a caminhada nos pareça longa, virão os cavalos do lobo antunes da sombra do mar ou emergirão do glauco do rio e far-nos-ão companhia; mesmo que percamos uma meia, haverá sempre um guarda-chuva que descerá as escadas de uma estação de caminho-de-ferro como se fosse o rudolf nureyev; mesmo que subamos ladeiras íngremes, no cimo haverá sempre um cálice de falerno à nossa espera para nos saciar; mesmo que nos lambam a cara, haverá sempre a possibilidade de esfoliação dos sentidos, que tudo purifica e nos reveste de vestes brancas; mesmo que possamos ser abordados por extra-terrestres haverá sempre uma relação lesbian que nos poderá salvar.  Por isso vale a pena sonhar. Ir. Partir. Ser. E, lembrem-se do nosso amado Pessoa que nos diz que pior que não viver os sonhos é não os ter, por isso, arranjem-nos, inventem-nos, criem-nos e depois vão por eles acima como cavalos alados, mesmo que a manhã seja de chuva. Pelo sonho é que continuamos a ir.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Pelo sonho é que vamos

O que a Turmalina nos desejou para 2010 foi que sonhássemos mais e que caminhássemos mais em direcção da felicidade. Ao ler o seu post lembrei-me imediatamente do nosso querido e saudoso Sebastião da Gama e o seu belíssimo:

Pelo sonho é que vamos

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.


Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.


Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.


Chegamos? Não chegamos?
 Partimos. Vamos. Somos.


Sebastião da Gama

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo

Não sei o que é o Tempo, e pensar no que ele é inquieta-me. Se calhar, é uma caminhada para a Eternidade, mas não sei quem contém quem, quem é quem. Não sei o que quer dizer: "...faz hoje um ano.." Será muito, será pouco, só sei que o pensamento sobre o tempo me incomoda. Talvez não interesse saber quem é quem. O que é. O calendário pelo qual nos regemos manda que hoje comece um ano. Se fôssemos iranianos celebraríammos o ano novo a 21 de Março; chineses em Fevereiro; judeus em Setembro e estaríamos em anos diferentes. Logo, a essência do Tempo não existe. Existe a essencia do tempo islâmico, a essência do tempo persa, a essência do tempo chinês. Seja o que for, o Loba das estepes, deseja a todos os amigos e inimigos também...(os mesmos do Natal) um 2010 cheio de saúde, sucesso, paz e concretizações pessoais e profissionais. Estes são os votos tradicionais. Mas, o Loba das Estepes deseja também que haja mais justiça e mais igualdade social e salarial, menos crianças e mulheres maltratadas, menos xenofobia, menos homofobia, menos racismo, enfim, numa palavra, um mundo melhor. Que haja menos crueldade contra os animais, menos abandonos, mais respeito para com a Mãe-natureza e pelo mundo onde vivemos.