quinta-feira, 30 de abril de 2009

Então, ainda gostas de animais?

Às vezes, na vida, cruzamo-nos com pessoas que nos ficam a conhecer muito superficialmente, pela rama. Não ficamos em contacto com elas, e quando nos encontramos, por acaso, pode acontecer uma pergunta deste género:
__Então, ainda gostas de animais?
Como se perguntassem:
__Então, ainda andas com o Paulo?
ou
__Então, ainda costumas ir para o Algarve?
ou
__ Então, ainda andas no judo?
Certas pessoas acham que gostar de animais é uma espécie de opção, tipo um curso que se tira, um estado civil que se escolhe, uma vida religiosa que se segue. Gostar de animais é um inexplicável sentir que nasce e há-de morrer connosco. Mas, só quem nasceu com este "dom" sabe do que é que estou a falar.
É lugar comum algumas pessoas dizerem que ter animais é uma opção. Não sei de quem foi essa opção. Minha é que não foi de certeza! Por acaso optei por não ter férias, fins-de-semana, pontes, caso seja necessário socorrer um animal ou ficar a tratar dele? Sim, porque não tenho feitio para ver um animal ferido, virar a cara para o lado e fazer como se nada fosse. Tenho mesmo de fazer alguma coisa! Opção? Outras pessoas acham fútil preocuparmo-nos com o sofrimento animal quando devíamos dar prioridade à preocupação com o sofrimento de crianças, por exemplo. Mas, em que medida é que uma preocupação é impeditiva de outra? Só se for em pessoas que têm o cérebro do tamanho de uma ervilha, o que as impossibilita de terem várias preocupações sociais. É um falsa questão, um falso argumento. Querendo, há espaço para toda a gente, para todas as inquietudes. Normalmente, quem faz esse tipo de comentários e críticas, não faz nada por crianças necessitadas, nem por o que quer que seja por quem quer que seja.
Falando nisso, este fim-de-semana prolongado vou ser ama do Preto Cabeçudo, um gato de rua, velhinho, cego de um olho que lacrimeja, e com uma pelada de todo o tamanho no lombo e outras que se insinuam pelo corpo todo. C0nseguimo-lo apanhar ontem à noite, mas só pode ser operado 2ª de manhã, porque retirar o globo ocular é uma operação longa e delicada. Até lá vai ficar sob a minha vigilância, mas estou a achá-lo muito parado, não se mexe da caixa de cartão. Ali o pomos e ali fica. Por momentos, chego a pensar que não vai aguentar até lá. Belo programa o meu! E, ainda dizem que é por opção!!!!


Apresento-vos o Preto Cabeçudo











P.S. Ainda vai dar para ir à Feira do Livro que este ano começa hoje! Tão cedo!

terça-feira, 28 de abril de 2009

A essência d´ Aquilo




Porque o 25 de Abril também nos trouxe a possibilidade de chamarmos os bois pelos nomes [ou como diria uma certa pessoa, a meio de um jantar, já bem regado: os nomes pelos bois…] não resisto a partilhar este documento que recentemente me foi enviado e que é muito divertido. Leiam, please.
Caramba, eu pensava que em 1953 era tudo santo e não havia "poucas-vergonhas como agora", afinal até no Jardim Botânico e na Tapada da Ajuda era um forrobodó que só visto.
Assim que li a multa de "Mão naquilo" e "Aquilo na mão", pensei logo: então não é a mesma coisa? Mas, devia haver uma grande diferença, na cabeça do legislador, pois a multa duplicava! Ocorreu-me então que "Mão naquilo", tratar-se-ia de um senhor sozinho, em actividade solitária, quiçá atrás de uma frondosa vegetação espreitando outros, enquanto que "Aquilo na mão", já implicaria um senhor e uma senhora no exercício da sua actividade profissional. Digo eu. Depois, "Aquilo atrás daquilo", será aquilo que eu estou a pensar? Mas, o pior do pior dos pecados seria "Com a língua naquilo", com direito a prisão e fotografia! (Haverá um Arquivo dessas fotos???)
Esta lista de multas da Polícia de Costumes é de uma profundidade que só visto. Se nos pusermos a pensar que o conceito de "Aquilo" usado pelo legislador pode assumir três sítios diferentes do corpo humano, esse caminho de pensamento conduzir-nos-á a um beco filosófico sem saída! Então, __segundo a definição clássica e aristotélica__, a essência não é o que faz com que uma coisa seja aquilo que é? Qual é a essência de "Aquilo" que se manifesta em três existências diferentes? Ouvido o meu consultor para os assuntos filosóficos, só Merleau Ponty nos pode tirar deste beco. Do que percebi, as essências procuram-se nas existências e Aquilo pode assumir várias essências, e não uma só como a concepção aristotélica.
Viva Merleau Ponty, digo eu que tenho uma embirração de estimação por Aristóteles!

Eu cá gosto da f.!

Vivemos uma época em que está na moda, entre outras coisas, criticar o acordo ortográfico e zurzir na f.: por inveja, por despeito porque sim, porque não, por ser a namorada do Sócrates. Está na moda e fica bem, é in, branché.
Eu cá gosto da f. e, não é só porque quando está toda a gente a bater no ceguinho, que me apetece logo dizer que gosto do ceguinho, não. Não é por isso. Gosto da f. porque ela é gira que se farta, interveniente, opinativa, corajosa, escreve muito bem, muito claro, muito bem estruturado, considero-a uma óptima jornalista. É arrogante, dizem-me. Acontece que eu prefiro um arrogante e orgulhoso ao falso humilde, ao falso modesto, ao falso ingénuo, ao falso qualquer coisa que nunca se sabe o que esperar dele.
Ora, muitas mulheres gostavam de ser e escrever como ela e não escrevem, e muitos homens gostariam de ter uma mulher como ela e não têm!! [sai-lhes uma Manuela Moura Guedes na rifa!] Por isso ela suscita tantas reacções apaixonadas. Cá por mim, sou fã.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Long Life to Susan Boyle!

Oxalá o momento Susan Boyle não seja efémero e que, aproveitando a lição, amanhã não discriminemos o outro por ele ser desajeitado, gordo, de voz aflautada, de cor escura, de olhos enviesados, de sotaque diferente do nosso, por vestir roupas fora de moda, por ser diferente.

Oxalá o momento Susan Boyle dure muito tempo e que, aproveitando a lição, amanhã não sejamos discriminados por sermos desajeitados, gordos, de voz aflautada, de cor escura, de olhos enviesados, de sotaque diferente, por vestirmos roupas fora de moda, por sermos diferentes.

Oxalá nunca sejamos o burgesso Collwell de sorriso imbecil.


Long life to Susan Boyle.


P.S. A Susan Boyle já mudou de visual. Pessoalmente preferia os cabelos desalinhados e as sobrancelhas fartas. Gostos meus.

Etiquetas: Susan Boyle

domingo, 26 de abril de 2009

Começar um blogue

Considero muito auspicioso começar um blogue nos arrabaldes do 25 de Abril, pois é uma forma diferente de comemorar a liberdade de expressão com que o 25 de Abril nos presenteou.
Os blogues, inicialmente escritos e redigidos por jornalistas, comentadores e políticos, rapidamente saíram do "Meio", para se tornarem numa genuína forma de poder popular. O povo saiu a rua, e os blogues evoluíram para uma miríade tão grande e diversificada de pessoas, profissões, assuntos e temas, que se transformaram numa espécie de speaker´s corner: qualquer pessoa pode subir a um banco e expressar a sua opinião. E, isso é muito bom!
Fora do espartilho das concessões e da cortesia imposto pelas regras da vida em sociedade, ou pela educação ou seja pelo que for, livre de pressões partidárias, sindicais, eclesiais ou familiares, em que outro lugar posso realmente dizer aquilo que penso e o que me vai na alma??? No meu blogue, porque ele é meu, e em minha casa mando eu e o Quero é viver o hino do meu blogue!





Etiquetas: 25 de Abril, blogues, liberdade

Humanos - Quero é Viver