domingo, 20 de dezembro de 2009

Natal, Natal, Natal...

Nunca mais chega ao fim esta quadra natalícia, ela, mais as irritantes músicas, mais o Cardinalli, mais o stress das prendas, mais a obsessão pela comida e bebida, mais a falsa caridade, mais a falsa bondade. É que, a outra vida do dia-a-dia continua, precisamos de comprar pão, cenouras para a sopa, bananas...Minutos e minutos infindáveis para pagar um pacote de chá, porque agora, parece, é altura de comer frutos secos, e mais isto e mais aquilo, e a abóbora para os sonhos, e bacalhau, meu Deus, pirâmides e pirâmides do fiel amigo...horas e horas infindáveis nas filas dos supermercados para pagar o papel higiénico, a lexívia, o detergente para a loiça... santa paciência! Mais do que o consumismo desenfreado por objectos, choca-me mais o consumismo desenfreado pela comida, pelo desperdício, pelo deitar-fora.
Há uma coisa que ainda não percebi, porque é que pessoas que não são crentes, nem cristãs, nem acreditam no nascimento de Jesus, celebram o seu nascimento?
Não me posso esquecer, há dois anos, fui ao CCB para comprar uns bilhetes para um concerto, no mesmo dia, ou melhor noite, do __parece que famosíssimo___, concerto de Natal, tudo muito aperaltado, pois o casal Cavaco Silva estaria presente, casal de grande bom-gosto, toda a gente sabe, e então tudo muito fino. À entrada para o grande auditório encontrava-se um vendedor da CAIS. Ninguém lhe comprou uma revista. Nem sequer olhavam para ele. Ele sorria.
Não quer isto dizer que sejamos todos uns grandes hipócritas, o facto de todos os anos excedermos as entregas para o Banco Alimentar, de haver um excesso de voluntários na noite de Natal nas carrinhas que assistem os sem-abrigo, de darmos a roupa que já não nos serve como se fosse uma grande coisa, não é suficiente. Temos é de passar a dar todo o ano e de nós próprios: do nosso sangue, da nossa medula, do nosso tempo.

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