quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mooi


Faz hoje precisamente 3 anos, chegava eu de Amesterdão, por volta das 9h30m da noite, com o voo atrasado uma hora, mais outra hora à espera das malas, numa daquelas noites de calor asfixiante. Nas Chegadas, os amigos que me esperavam andavam com o carro às voltas há mais de duas horas. A primeira coisa que o Pedro me disse foi: Ai Zoe, anda ali um gato-bebé atrás das pessoas, a miar, cheio de fome. E, de facto lá andava ele (que afinal se revelou uma ela). Preta e branca, pele e ossos espetados, todo suja de óleo. Quem chegou a Lisboa nessa noite quente de 3 de Setembro, lembrar-se-á certamente dela deambulando por entre as pessoas e os carros. Consegui agarrá-la, metê-la dentro do carro, e vamos embora. Para casa. É a Mooi, que há 3 anos partilha a minha vida. Não era um gato, e muito menos bebé, segundo o vet, já poderia ter uns 2 anos, só que estava tão enfezada e esquelética que ao Pedro lhe pareceu bebé. Ora com 2 anos, já poderia ter tido e poderia estar grávida. A primeira ecografia não foi conclusiva e foi preciso esperar para ter a certeza que não estava grávida. Não estava. Como regressava da Holanda, e mooi (bonito/a) fora o adjectivo que eu mais ouvira, assim ficou Mooi. Com o tempo tornou-se uma gata-cadela. Não me larga onde quer que eu vá, salta para cima da mesa se estou a comer, para cima da minha cabeça, se estou a dormir, e até me segue para a casa de banho. Pode ela estar deitada onde estiver, que, se eu me deitar no sofá ou em cima da cama, lá vem ela. Gosta de se instalar em cima da minha cabeça e remexer no meu cabelo como se fosse a barriga da mãe naquele gesto tão característico dos gatos que eu chamo "pisar uvas". De manhã, gosta de me lamber os olhos e o nariz. É ciumenta e possessiva e despacha, à dentada e à patada, qualquer um que esteja perto de mim. Chega a ser melga-pegajosa quando quer estar deitada entre mim e o computador, deitada em cima do meu braço, o direito, de preferência...Tem gostos estranhos: cotonettes sujos, pasta dos dentes, sabão azul e branco, sabonetes. É insuficiente renal e já esteve uma vez internada e a soro. Um dia, a creatinina pode subir a níveis tais que será necessário fazer hemodiálise ou um transplante. Oa, tal não é possível no nosso país. Até lá, vai continuar a viver, em cima da minha cabeça, a remexer o meu cabelo.
Não é mais uma história lamecha na boca de quem ama desmusuradamente os animais, é também de pessoas que eu falo, daquelas que tendo indo viajar, abandonaram cobardemente à sua sorte um ser vivo, sobecarregando outro ser vivo: eu.

6 comentários:

ROSÁRIO BARBOSA disse...

Alguém reparou na foto da Bebé, sou eu com 9 meses.

Zoe disse...

reparei sim!!!!!!!! não sei se a mary reparou, ela anda muito calada...

ROSÁRIO BARBOSA disse...

Já reparou, mas não teve tempo para escrever.

Zoe disse...

digamos então que anda muito atarefada...

Luisa disse...

Olá, Zoe

É linda a sua Mooi e, a história dela é comovente.

Tive uma Matilde que também me amassava a cabeça e, me acordava com lambidelas nos olhos, ao ponto de me tirar as lentes de contacto.

Abraço

Zoe disse...

viva Luísa,

aposto que se usasse lentes de contacto. a minha mooi também mas arrancaria...e, ainda há quem pense que os animais não têm vida interior!!!!!!!