domingo, 8 de novembro de 2009
Ao Paulo
Só! — Ao Ermita Sósinho na Montanha
Só! — Ao ermita sósinho na montanha
Visita-o Deus e dá-lhe confiança:
No mar, o nauta, que o tufão balança,
Espera um sopro amigo que o céo tenha...
Só! — Mas quem se assentou em riba estranha,
Longe dos seus, lá tem inda a lembrança:
E Deus deixa-lhe ao menos a esperança
Ao que à noite soluça em erma penha...
Só! — Não o é quem na dor, quem nos cansaços,
Tem um laço que o prenda a este fadario.
Uma crença, um desejo... e inda um cuidado...
Mas cruzar, com desdem, inertes braços,
Mas passar, entre turbas, solitario,
Isto é ser só, é ser abandonado!
Antero de Quental, in 'Sonetos'
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4 comentários:
Mas que poema, mais complicado....
Obrigado
ah, sim, o antero era foi uma pessoa muito neurótica, deprimida,problemática, mas não deixa de ser um poema lindíssimo
...o ambíguo Antero :)
...não deixa de ser um bom poema
(quanto à minha terrinha, é Gaia, sim senhora) :)
apesar da personalidade torturada, antero é um belíssimo poeta.
E, Gaia também é linda!!!!!!!
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