quarta-feira, 13 de maio de 2009

Maddie

Apesar de já estar bastante enjoada deste caso e de toda a gente que já se encheu à custa dele, não deixei de ver, muito por alto (a fazer três coisas ao mesmo tempo...)__mais uma vez__, o quadragésimo quinto documentário ou décima segunda entrevista exclusiva sobre o caso. A minha intuição ainda não conseguiu declará-los culpados ou inocentes. Existe uma opacidade à volta de toda esta história que não me permite emitir um veredicto. Não sou daquelas que dizem agora que aquela mãe nunca as enganou. É mentira. Se eles enganaram, enganaram toda a gente. Toda a gente se emocionou, chorou e acreditou. Depois, quando Kate McCan foi constituída arguida deu-se o volt face, e os beijinhos e abraços transformaram-se na rua em insultos e apupos à porta das instâncias ocupadas dos inquéritos. Um clássico. Não sei se estes pais estão isentos de culpa, mas há uma coisa que nunca percebi: porque razão nunca foram eles acusados de negligência por quem quer que seja. Por uma Segurança Social, por exemplo. Deixar três crianças de três e dois anos sozinhas, não é crime? Não lhes deveria ter sido instaurado um processo? Não deveriam ter sido julgados por isso? Fossem eles do Bairro do Aleixo, da Quinta da Bela Vista ou do Bairro da Fonte, e tivessem ido para o café beber umas imperiais, e tivesse acontecido o mesmo que à menina inglesa, logo seriam etiquetados de grunhos, irresponsáveis, débeis mentais, negligentes e logo viriam as zelosas assistentes da nossa Segurança Social retirar-lhe (aqui, muito justamente) os irmãos gémeos. Mas, a eles nada lhes aconteceu.
Ando particularmente interessada em questões de justiça, pois fui escolhida __aleatoriamente__, para fazer parte de um jurado num processo judicial de uma determinada vara criminal da comarca de Lisboa. Ora, nada sei sobre o papel dos jurados no nosso sistema judicial e ando a preparar-me para a ocasião. A nossa justiça segue um modelo anglo-saxónico, e não o modelo americano em que cabe aos jurados a última palavra. Quem não se lembra dos filmes americanos com advogados espertalhões apelando ao coração e à sensibilidade dos jurados, levando-os a inocentar um criminoso ou a mandar para a cadeira eléctrica um inocente, como aconteceu no famoso Caso Rosenberg (EUA, 1950-1953)? No nosso sistema, cabe ao juíz o veredicto final. E, acho bem. Andaram a estudar Direito e não se deixarão levar tão facilmente por advogados sabidões (digo eu...). Já tenho a referência dos artigos do Código de Processo Penal e da Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais. Falta lê-los... Um dos meus objectivos de vida é para APRENDER. Com quem quer que seja, onde quer que seja...por isso aqui tenho uma bela oportunidade de ficar a saber algo sobre o nosso sistema de justiça. Depois conto-vos como foi.

5 comentários:

Paulo Matos disse...

SE A CRIANÇA DESAPARECIDA FOSSE TUGA NINGUEM PERDIA MAIS QUE UMA SEMANA À PROCURA, MAS COMO É INGLESA TEMOS QUE PRESTAR VASSALAGEM, É OBVIO QUE TENHO PENA DA CRIANÇA, MAS É ABSURDO O TEMPO E DINHEIRO QUE PERDEM SÓ NUMA OCORRENCIA SÓ PARA "AGRADAR" AOS INGLESES. É TAMBEM "COMOVENTE" A UNIÃO EXISTENTE ENTRE O POVO PORTUGUES ACERCA DESTA HISTORIA, QUE INFELIZMENTE TB SOMOS UM POVO QUE GOSTA MUITO DE SER SOLIDÁRIO MAS É COM OS ESTRANGEIROS, PORQUE CÁ DENTRO NÃO SE VE SOLIDARIEDADE EM LADO NENHUM, EX DISSO SÃO: O CIVISMO EXISTENTE NAS ESTRADAS, A FALTA DE EDUCAÇÃO DAS PESSOAS UMAS COM AS OUTRAS ETC...RESUMINDO É SÓ PARA INGLES VER...

Paulo Matos disse...

Tem duas coisas sobre o caso da maddie que ainda não há respostas: 1 quando a mãe deu por falta da Maddie no quarto, porque ela deixou novamente os gêmeos sozinhos e foi pessoalmente chamar os amigos?? Se desde o começo ela achava que foi rapto, pq abandonar os outros dois?? 2 acho muito estranho eles deixarem os gemeos na creche todos os dias apos o crime para dar entrevista e acompanhar a polícia, uma filha sumiu num país estranho e eles deixam os outros dois com pessoas estranhas?(creche)?

Paulo Matos disse...

no inicio acreditei nestes "pais" mas depois tudo me começou a parecer cinismo e manipulação. alguém com um minimo de capacidade acredita que a PJ constitui arguido uma pessoa sem um minimo de provas? não acredito. o problema neste e noutros casos sabemos qual é. se fosse uma miúda pobre alguma vez o 1ª ministro interferiria no assunto? este caso foi uma palhaçada e uma tentativa conseguida para desacreditar a nossa Policia. os ingleses podem fazer o teatro que quiserem mas se acham que não se pode provar a sua culpa também nunca conseguirão provar a sua inocência.
Nunca deviam ter deixado esses dois labregos sair do local do crime, muito menos do país! aposto que eles assim que levantaram voo até riram!!

Rui Vasco Neto disse...

zoe,
sugiro que vá com calma nas expectativas que leva para dentro da domus justitia, último local onde se deve procurar justiça, só se encontra lá a lei, que é coisa bem diferente...
desejo-lhe sorte e que, à sua dimensão que seja, ajude a fazer the right thing
cumprimentos

rvn

Zoe disse...

sr rui vasco neto
obrigada pelo conselho.
isto são entusiasmos de quem pensa que terá a sua contribuição para que se faça justiça. e,seja o que for tem que ser feito com empenho.
zoe