No dia do vizinho quero prestar uma homenagem aos meus queridos vizinhos. Tanta coisa que tenho ouvido as pessoas contar (desde mandar excrementos de animais para as portas uns dos outros, barulho, carros riscados) que hoje, só posso prestar homenagem aos meus. Apesar de não vivermos num bairro histórico, onde, it seems, as pessoas são mais solidárias e amigas umas das outras, no nosso prédio vivemos em espírito de aldeia, com tudo o que isso tem de bom. A certeza é que, se precisar, posso contar com eles, e isso é muito confortável. Li algures que os vizinhos são a família que está perto, aqui vivendo lado a lado, paredes meias, dia após dia, noite após noite. A fotografia que ilustra este texto cristaliza o espírito em que vivemos cá no condomínio. No Natal a minha irmã ofereceu-me esta costela de Adão. Ora, é uma planta que cresce muito, podendo atingir dois ou três metros de altura e precisava de um vaso muito grande para se desenvolver. Como eu não tinha nenhum, e o meu vizinho do lado tinha um grande vaso velho e vazio aqui na escada, pedi-lhe. Pois, ele vai e ofereceu-me um novinho em folha! Depois, tive outro problema: iria precisar de muitos pacotes de terra para encher o vaso, pois embora na não pareça, ele mede 70 cm de altura. Então, a minha vizinha do rés-do-chão ofereceu-se para trazer terra da quinta do irmão. Assim foi. O marido subiu até ao terceiro andar não sei quantos quilos de terra às costas para encher o vaso oferecido pelo vizinho do lado. O resultado de toda esta cadeia foi esta planta a enfeitar a nossa escada. Eles são tão importantes para mim, que nos meus arquivos de fotografias, tenho uma pasta só para eles: chama-se: Praceta, prédio e vizinhos. Por razões de privacidade, só poderei colocar algumas delas. Falta nas fotografias o gosto do doce de abóbora da minha vizinha do rés-do-chão, os ovos de gema amarela, amarela da vizinha do 1º, as laranjas e limões que recebo de ambas. O material para reciclar que o meu vizinho do 1º me leva ao ecoponto, a vizinha do 1º que aos 94 anos ainda vai toda coquette para o centro de dia...Quer isto dizer que andamos todos os dias aos beijinhos e abraços? Pas du tout, que eu cá nem sou muito beijoqueira, temos de vez em quando os nossos amuos, motivadas geralmente por causa dos animais, porque há quem não goste, há quem tolere os gatos, mas não goste de pombos, há quem goste dos gatos, mas não goste dos donos dos cães que não recolhem as necessidades, eu cá como gosto de todos, defendo-os sempre e o resultado são as nossas zangazinhas e às vezes andamos meses apenas a rosnar bom dia e boa tarde, mas depois lá pensamos que afinal este é a nossa realidade e é assim que nós somos e não como desejaríamos que fôssemos, eu desejaria que eles todos amassem animais como eu amo e eles certamente desejariam que eu não amasse tanto os animais como amo, mas este é nosso mundo, hic at nunc. a nossa realidade e é com ele que temos de viver todos os dias e assim, no outro dia lá voltamos às conversas agradáveis e às pequenas gentilezas e coscuvilhices. Tenho muita sorte.
Mais fotos seguem amanhã.
P.S. Pois claro que não incluo nesta homenagem os bimbos, badamecos, burgessos que fizeram as denúncias e que motivaram a visita dos fiscais da Câmara, para esses é...cocó de gato!
2 comentários:
ahahahah, fez-me rir. Acho que cocó de gato é mal empregado........Ainda bem que tem bons vizinhos. Moro neste prédio há 31 anos e, mal nos falamos a não ser uns secos bons dias ou boas tardes, chiquisses.........enfim!
ah luísa, mas na praceta onde moro também há os que têm a mania que são finos...e, que não têm onde caír mortos, aqueles que fazem denúncias à Câmara...
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