domingo, 25 de outubro de 2009

Eu tenho dois amores...








Na segunda-feira passada fui com a Ana à Pó dos Livros beber um café e no balcão estavam uns convites da D.Quixote para o lançamento do novo livro de ALA, percebi logo que a Ana, quando pegou no postalinho convidativo e o leu, ficou com vontade de ir. Podemos ir, disse-lhe. Porém, não é coisa que me agrade por aí além ir a lançamento de livros. Gosto de ir se são pessoas minhas amigas ou conhecidas. Ora, o ALA não é nem uma coisa, nem outra, e, a ligação que tenho como os livros dele é assim uma espécie de relação amor-ódio. Amo de paixão a triologia auto-biográfica. Com o passar do tempo e dos livros, o interesse começou a decrescer, e o ano passado ao ler uma entrevista dele, recebi uma facada em pleno peito: não é que o senhor é um aficionado e defensor das touradas de morte? Quem ficou para morrer fui eu. Sim, eu sei que se deve separar obra do autor, mas, há momentos em que não dá. Aqueles momentos em que já estamos sem paciência alguma para acabar os livros e o fazemos porque fica bem dizer que se gosta de ALA, que se leu, que merece o Nobel e todas aquelas snobices que é necessário dizer. Mas, depois de ler aquela entrevista, fiquei sem pudor de dizer o que pensava, que o acho um grandessíssimo chato, e não sei se todas aquelas páginas são fruto do génio ou de uma poderosa força de vontade e disciplina capaz de vencer a preguiça, sim, porque o senhor escreve horas e horas a fio, dias e dias a fio. Já não há paciência para aquela escrita a martelo, que ele agora faz, escreve e reescreve, já não se percebe nada do que ele quer dizer, o prazer deu lugar ao cansaço. Acho-o um grande chato, à vrai dire.
Lá estivemos, na 5ª feira, dia 22, nos jardins de inverno do S. Luís. Enfim, também não fui fazer sacrifício nenhum, não fomos propriamente a uma sessão de lançamento de um livro do André Sardet, com ele a cantar no final, isso sim é que seria penoso. Estar ali tão perto do ALA, foi, digamos, um prazer. A sessão foi relativamente rápida, e começou com algumas palavras da editora, depois foi a vez de Cristina Robalo Cordeiro, que não sei quem é, falar sobre o livro como se estivesse numa aula de literatura. ALA não falou da obra, porque nenhum escritor gosta de falar sobre aquilo que escreve. Falou de Ovídeo, Virgílio, Horácio, sobre As Meninas de Velasquez e de um pensamento de Einstein que penso que apanhei na íntegra: "É preciso fazer todas as coisas o mais simplesmente possível, mas não mais simples que isso". A sessão não teve direito a autógrafos pois o autor teve de sair para a entrevista com a Judite de Ssousa na RTP. Gostei bastante da proximidade com os fotógrafos profissionais e de umas dicas que aprendi com eles.
O mais divertido foi no final da tarde, no regresso, na estação de metro do Rossio, onde está montada uma pequena feira do livro. Demos uma pequena volta e eu comprei o Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa por 5 euros, e a Ana um guia do Brasil por 3 euros. Com certeza, o melhor affaire da noite! Das muitas fotografias, escolhi estas três, as que mais me tocaram. o ALA é sempre o ALA, e os escritores são como os homens, não há príncipes encantados.

6 comentários:

Carlota e a Turmalina disse...

Ah...Zoe...
É a mais pura verdade que o escritor não gosta de falar sobre a sua obra.Eu não gosto de falar sobre os meus textos, no caso, roteiros.
E sobre mitos e príncipes encantados, a bagagem como jornalista, me faz vê-los como pessoas absolutamente normais.
Aliás existe um único artista no mundo, que depois de vê-lo de bem pertinho, continua sendo um príncipe encantado pertencente à outra esfera, Andrea Bocelli :o)
Bjos

Zoe disse...

E, gosta de Lobo Antunes?

Anónimo disse...

ALA? Ele que saiba... levas uma rabecada que nem te levantas!

Zoe disse...

tremo de medo...

Anónimo disse...

Já fui fã incondicional do ALA, mas os últimos livros dele deixaram-me com um certo amargo de boca. No entanto, continuo a não perder nenhuma das suas crónicas na Visão

Zoe disse...

viva carlos!
eu aqui só falei dos livros, mas concordo consigo, as crónicas são imperdíveis.
ando aqui às voltas para condensar num post um comentário ao seu texto sobre o corte da água aos palestianos, mas não dá, é uma questão que mexe muito comigo. queria falar sobre mulheres, crianças, Fatah, Hamas, Arafat, o Muro, caricaturas de Maomé, bons, maus...
abraço
zoe